“Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experimentado no sofrimento. Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e nós não o tínhamos em estima.” (Isaías 53:3)
O versículo acima se refere a Jesus. Sim, Ele foi um homem EXPERIMENTADO no sofrimento! Jesus Cristo totalmente homem, totalmente Deus também sofreu. Muitos só conhecem o sofrimento do dia da cruz, mas a história dEle é também marcada por dores. Hoje escrevo para você que está com algum tipo de dor, seja ela de fonte física, psíquica/emocional, espiritual … Enfim, tem algo doendo ai?! Ou conhece alguém que esteja vivendo uma estação de dor?! Te convido agora para a refletirmos juntos.
Existem inúmeras dores na existência humana, a começar na mais trivial: a dor biológica do crescimento! Cada pessoa a sente numa proporção diferente, mas todas, em algum ponto da fase do crescimento sentem, vivem. E dela vem muitas outras, de múltiplos lugares/espaços de existência da espécie humana. Fato é que TODOS SENTIMOS e VIVEMOS DOR, mas existem também os casos patológicos de ausência de dor física, são raros, mas existem e talvez, infelizmente, essas pessoas sintam mais veementemente a dor emocional e/ou a espiritual (pensando aqui numa formação tricotômica do ser humano, ok?!) que as dilaceram de igual ou maior forma, tudo a depender das proporções.
Não sei quantos anos você tem, ser menos ou mais experiente na vida, no quesito idade, é um fato que necessariamente não determina o nível de dor de cada pessoa, claro, pensando aqui em pessoas em estados ditos normais, sem patologias e/ou estados de mania. Mas é fato que quanto mais se é experimentado na vida, mais trajetos de dores já se percorreu e de duas uma: ou a dor te blindou e tornou inacessível, intocável OU te fez aprender a viver de maneiras diferentes e a tirar proveito do que machucou. Talvez você que lê não se encontre nem em um ou nem em outro caso que descrevi, talvez você esteja nos dois ao mesmo tempo e está tudo bem!
Quando a Bíblia nos fala que Jesus levou sobre si TODAS AS NOSSAS DORES é que sim, Ele sofreu todos os tipos de dores possíveis que um ser humano esteja passível a sofrer, claramente, em contextos diferentes, mas as mesmas dores. Como por exemplo, as dores causadas por traições, doenças, abandonos, mortes, inimizades, contendas, difamações, etc. O que eu e você podemos imaginar e o que não podemos também! Deus já sofreu e por isso hoje Ele tem propriedade e autoridade para falar e tocar em qualquer coração disposto a ouvir e ser tocado por Ele.
Alguém algum dia disse que “não há lugar tão distante que o ser humano possa ir que a mão de Deus não o possa alcançar” e hoje reescrevo essa frase usando a palavra dor: “NÃO EXISTE DOR TÃO PROFUNDA QUE O SER HUMANO POSSA VIVER E SENTIR QUE A MÃO DE DEUS NÃO O POSSA ALCANÇAR”. Mas para que isso realmente seja efetivo em sua vida e/ou na vida de alguém que você conheça é necessário que haja o mínimo de disposição no coração da pessoa. Eu sei que por mais que a gente tente ajudar as pessoas, não somos o Espírito Santo, só Ele tem a capacidade de convencimento pleno do coração humano. Amo a psicologia e todas as ferramentas que ela nos oferece, mas ela
também não faz milagres se não houver o mínimo de disposição e interesse. Assim também com a psiquiatria, medicamentos não funcionam sozinhos.
Peguemos Ana, mãe de Samuel, como exemplo. Ela era estéril, seu marido a amava muito e fazia de tudo para que ela ficasse bem, pois com certeza ele a amava independente do que ela poderia oferecer ou não para ele. Ana poderia ter ficado no lugar dela, sem mover um palmo diante de Deus, mas ela não agiu assim, a Bíblia nos diz em Mateus 7:7 “Peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês”, percebe que Deus não nos nega a entrega? Mas antes de Ele a fazer há ações nossas: PEDIR, PROCURAR e BATER. Ana se lançou no lugar certo, aos pés de Deus para pedir um filho. Ela procurou o ambiente correto para fazer isso. Ela “bateu”, ou seja, insistiu em tocar o coração de Deus até conseguir uma resposta e depois de tudo isso reconheceu ainda mais sua dependência em Deus, devolvendo o próprio filho para Ele.
Aconselhando uma querida, há alguns dias atrás, juntas, travamos uma frase/ação para lembrar sempre, em meio a dor que ela estava vivendo e essa foi: ORE ATÉ QUE ALGO ACONTEÇA E DEPOIS QUE ACONTECER, CONTINUE ORANDO. E hoje deixo essa frase/ação para que você se aproprie dela frente a sua dor também! Fale com Deus, exponha seu coração, se torne vulnerável aos processos, não menospreze suas ações, por mais pequenas que possam parecer para você, Deus se importa com cada uma delas! Ele não as despreza, pelo contrário, vê sempre potencial para o início de cura, pois quando eu e você nos movemos, por mais lento que pareça ser, mas nos movemos, para uma intenção de melhora, ai sim Ele pode começar a agir!
Lembre-se sempre que para haver cura, antes foi preciso haver dor; para que o possível se manifeste, o impossível antes existiu; para que a paz reine, precisou-se encarar guerras. Tudo na vida tem seus dois lados, seus dois polos. E independente de qual seja a sua posição, sempre haverá um propósito eterno envolvido e entrelaçado ao seu sofrimento. Já ouviu falar na palavra improvável? Pois bem, é sempre nela que penso quando vejo e/ou vivo situações desafiadoras! Deus ama pessoas e circunstancias improváveis aos olhos humanos! São nesses contextos que nós, seres humanos, reconhecemos ou aprofundamos o conhecimento ainda maior da nossa dependência de Deus! Somos seres frágeis, mortais, finitos que jamais chegarão aos pés do Deus que é forte, imortal e infinito! Ele sim, por seu poder, nos capacita a viver tudo isso, se assim desejarmos e nos movermos para tal ação! Deus é bom e misericordioso! Odeia o sofrimento, mas o usa para a manifestação da Sua própria glória para que saibamos que Ele simplesmente É e ponto final.
Eu tenho 27 anos de idade e já passei por duas depressões, com pacote completo: desesperança, falta de coragem para levantar da cama, crises de choro, pânico, incredulidade, vazio existencial, insônia, pensamentos acelerados, focar em tudo e ao mesmo tempo em nada, sensação de morte, remédios psiquiátricos, etc…. Só não atentei contra minha própria vida porque o temor por Deus ainda restou em uma proporção extremamente mínima que me segurou e porque pessoas, que nem imagino quantas e quem sejam (todas elas), oraram por minha vida. Mas que eu me lembre, apenas uma vez, passou por minha cabeça a ideia deixar o ferro de passar roupa me queimar, a dor interna estava tão grande, tinha me dominado de tal forma que a dor física/externa talvez me promovesse algum tipo de alerta, sabe? Cheguei a deixa-lo bem perto, mas não fui capaz
de efetivar tal ação; facas de corte? Olhei várias vezes para elas e imaginei sim como seria a sensação, mas graças ao bom Deus, não passou do campo do pensamento.
Me tornei aqui um tanto quanto vulnerável para você que lê apenas para dizer que sim, eu também sei o quanto dói, sim dói muito, mas hoje creio e posso dizer, assim como Jó, que conheço a Deus não só de ouvir falar, mas de com Ele andar e posso com fé, ousadia e autoridade declarar o que Oséias 6:1 diz: “Venham, voltemos para o Senhor! Ele nos despedaçou, agora irá nos sarar. Ele nos feriu, agora nos fará curativos.”. Deus permite as dores, mas Ele tem o balsamo exato para curar todas elas, uma a uma.
Poderia finalizar esse texto citando muitas dores, mas quero partilhar um testemunho que ouvi e me dilacera o coração e os olhos todas as vezes que o repito para alguém: “Uma mulher, em estado terminal de câncer recebeu sua sobrinha no quarto para visita-la e bem nesse momento uma enfermeira chegou para fazer um exame, o mais dolorido de todos, a mulher já se posicionou e ali, quietinha passava pelo exame, quando a enfermeira lhe disse: ‘Querida, está doendo muito? Vai passar rapidinho, ok? Aguenta só mais um pouquinho! ́, a mulher, com os olhos marejados de lágrimas virou para ela e a sobrinha, e disse: ‘Essa dor que sinto agora não é nada comparada a dor das mãos e dos pés de Cristo quando na cruz deu sua vida, morrendo por mim’, a sobrinha engoliu ao máximo que conseguiu de choro, mas foi inevitável não chorar.”
E se você leu esse testemunho de coração aberto, provavelmente esteja, assim como eu, enxugando lágrimas… Ei, sua dor vai passar! Persevere um pouquinho mais e todas as vezes que estiver prestes a desistir, olhe para a cruz vazia, nela você verá que o amor venceu TODA A DOR! Deus está com você!
Autora: Bruna Rocha.
Filha de Deus, irmã de Jesus e amiga do Espírito Santo. Pedagoga, pós graduada em Alfabetização e Letramento. Atualmente atuando como Educadora Social pela ADRA Campinas.
Instagram: @bruna.rocha707
